sábado, 6 de maio de 2017

Eu sou Malala















Título: Eu sou Malala
Autor: Malala Yousafzai com Christina Lamb
Páginas: 342
Ano: 2013



"A todas as garotas que enfrentam a injustiça e forem silenciadas. Juntas seremos ouvidas." - Malala Yousafzai

 Acredito que o destino une e afasta pessoas, mas não sabia que o destino poderia unir pessoas a livros. No início do semestre, na primeira aula de Leitura e Produção de Textos em língua portuguesa, quando a professora Andrea estava apresentando alguns livros, foi nesse momento que me apresentaram pela primeira vez a biografia de Malala, publicado pela Companhia das Letras, em 2013. E pelo pouco que a professora falou sobre o livro eu me interessei, mas não imaginava que chegaria a lê-lo. Quando a professora começou a falar sobre esse trabalho, não tinha ideia do livro que eu escolheria, até porquê, logo eu que não sou acostumada a ler. E então do nada a própria professora lembrou de mim, e decidiu me ajudar na escolha de um livro para esse trabalho, e por incrível que pareça o meu trabalho é sobre Eu sou Malala. Se isso não é o destino, eu não sei o que é. 
 O livro é maravilhoso e a história muito inspiradora. 
Inclusive ela até cita no livro, O Diário de Anne Frank. E o livro é como se fosse um diário dela, narrado em primeira pessoa, e ela conta detalhes de sua vida, família, amigos e livros preferidos.
 Tem muitos pontos interessantes que o livro aborda, como a cultura e a religião muçulmana, a história do Paquistão e a história da própria Malala. 
 Malala é uma garota paquistanesa, muçulmana e ativista do direito a educação para todos, especialmente para as meninas do Paquistão. Foi criada por uma família com um pensamento liberal. Seu pai, Ziauddin, um professor engajado em questões sociais, abre com muito esforço uma escola em que meninos e meninas podem estudar. Sua mãe, Tor Pekai, é uma mulher que não teve a oportunidade de continuar seus estudos, mas que sempre incentivou Malala a estudar e o marido em seu ativismo. Malala tem também dois irmãos mais novos que ela. 
 Tudo o que eu quero é educação, e eu não tenho medo de ninguém.

 Malala conta como foi que o Talibã chegou ao Vale do Swat, como o grupo extremista conseguiu a confiança da população e como foi que começou os problemas para ela e para sua família. O livro conta que primeiro o Talibã conquistou a confiança da população, usava uma rádio para se comunicar e espalhar seus ideais. No começo não tinha mortes, eram só "conselhos", como dizer que as mulheres deveriam parar de estudar e quando uma desistisse de estudar, o líder do Talibã anunciava na rádio dando-lhe os parabéns e a deixando como um "exemplo", e assim começou a ganhar a confiança da população. Até que tomaram o Vale,  e então começaram a colocar regras na sociedade,  tais como: mulheres não poderiam andar nas ruas sem uma presença masculina; meninas não podiam mais estudar, mandaram fechar escolas de meninas, e chegaram a explodir algumas, entre outras. Em meio a toda ditadura Talibã que foi se solidificando gradativamente, Malala e seu pai não abaixaram a cabeça. Lutaram juntos contra o Talibã. Ziauddin sofreu inúmeras ameaças, alguns de seus amigos foram assassinados, e Malala foi ameaçada também, mas não acreditava que eles realmente iriam tentar matá-la. Ela achava que o perigo era maior para o pai, pois era homem. 
 Em 2012 Malala sofreu um atentado, o exército garantia que não havia mais Talibã no Vale, mas, mesmo assim Malala foi baleada perto de um posto do exército. Quando voltava da escola para a casa, um homem faz o ônibus parar e outro por trás do ônibus pergunta "Quem é Malala?". Malala foi baleada na cabeça. Para mim, essa foi a parte do livro que mais me emocionou, quando ela conta como foi que seus pais souberam e reagiram. O pai ficou sem esperanças, achava que Malala não tinha chances de viver e a mãe com uma fé enorme diz: 
"'Deus, eu a confio a Ti', disse, os olhos fixos no céu. 'Não aceitamos guardas de segurança - Tu és o nosso protetor. Ela estava nos Teus cuidados e Tu tens a obrigação de enviá-la de volta'"  (p.262)
 No começo ela foi tratada no Paquistão, e depois foi levada para a Inglaterra. 
Malala conta como foi o tratamento do exército do Paquistão com sua família, e como ela conseguiu chegar na Inglaterra. Ela ficou um tempo em um hospital britânico sozinha, em um primeiro momento. 
 Hoje, Malala vive na Inglaterra com sua família.
Já fez vários discursos na ONU em luta pela educação das garotas e já ganhou um prêmio Nobel da Paz. 
 Você deve lutar contra os outros, mas através da paz, através do diálogo e através da educação.

 Além de ser um livro interessantíssimo, ele me levou a refletir sobre vários pontos, como o extremismo religioso, que é um perigo em qualquer religião. O extremismo da religião dela me lembra muito o extremismo cristão do Brasil. Malala conta sobre um partido religioso no Paquistão, que uma das mulheres do partido deu uma declaração infeliz sobre o atentado contra Malala. E isso me lembra muito a bancada evangélica brasileira.O que eu também gostei no livro sobre religião é que muitas pessoas no Paquistão dizem que ela não é muçulmana de verdade, mas na verdade a Malala só tem uma interpretação diferente do Corão e da religião, e isso não faz com que ela deixe de ser muçulmana. Outro ponto que me fez refletir foi o feminismo da Malala que não é igual ao meu feminismo. Quando ela conta que enquanto estava sem a família na Inglaterra, e as enfermeiras do hospital compraram DVDs para ela e um dos filmes apareciam garotas de top, e ela ficou horrorizada,  isso me exemplifica muito o que há um tempo eu vi na internet: o feminismo de uma mulher do sudeste não é igual ao feminismo de uma mulher do nordeste, pois são culturas diferentes. E é uma das coisas que eu achei muito interessante, foi ver que por mais que para ela seja um absurdo mulheres de top, ela ainda sim é uma feminista. 
 Uma coisa que eu queria ressaltar também, é que Malala só é Malala graças ao incentivo da família. Se ela fosse criada por uma família conservadora, com certeza não seria essa Malala. Quantas outras Malalas existem no Paquistão e em qualquer outro lugar do mundo que não podem se posicionar e nem lutar por seus direitos?
Além do livro existe um documentário sobre a história da Malala.
 Eu sou mais forte que o medo.

E se vocês quiserem ler outras resenhas de biografias, vocês podem olhar:
DONALD WOODS BIKO do Ronaldo

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